A Historiadora, escritora e diretora do Instituto de Filosofia Artes e
Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto, Minas Gerais, Guiomar de
Grammond passeia por suas atividades e formações para referendar, de modo
“ácido e doce”, a importância da leitura e suas consequências. Não era de se
esperar que essa maneira de expor uma idéia viesse de uma escritora, pois o
comum é ser redundante e pincelar com: - é importante, é muito bom, é
essencial. Mas, o Ser Pensante, tão explicitado pela escritora Guiomar de
Grammond, em formação e com informação, corre o risco de estar sempre a
perigo, Torquato Neto, pois a abaixo do Sol não há nada de
novo, Sócrates por muitas bocas ao longo da história.
O exercício da escrita é antecedido pelo exercício de pensar sobre,...,
e, ao ler o material da escritora e historiadora, de imediato, um filme sucedeu
em minha cabeça, pois por diversas vezes essa loucura, essa “imoralidade” em
“saber das coisas”, sucedeu de modo análogo e contraditório com episódios e
personagens em que o enredo era constituído pela seguinte frase: - Quem lê
demais fica maluco, lembra de fulano de tal que ficou doido de tanto ler? É
diretamente pejorativa dos personagens e enredos essa expressão, mas vindo de
Guiomar de Grammond, uma negação é um ato legitimo de afirmação.O Amor
não é a medida inversão do Ódio? Pois então, desse modo, assino embaixo das
palavras da escritora, e afirmo que este "recurso" o texto LER DEVIA SER
PROIBIDO, é uma ferramenta de grande responsabilidade, pois é a arma/ fala de quem
entende e sabe do que se trata nesse âmbito, muito diferente dos personagens
relembrados por mim.
Em diálogo com Lúcia
Santaella dentro do esquema – texto - leitura fora do livro-interpretação,
Santaella relata sobre “três filhos gerado em seu ventre mental”, sendo
respectivamente, o leitor contemplativo, meditativo, de “personalidade” -
a solidez do objeto livro, visão, O leitor fragmentado,
movente; de “personalidade” - movimentos, cheiros, sabores, som, e o
leitor virtual, de “ personalidade” – leitor multimídia. Estes são
os “leitores – a que chamo “históricos ou cronológicos”, por referendar épocas
de leitores, acrescento inclusive, que o primeiro é uma espécie que foi
extinta, o segundo está entrando em extinção, e o terceiro é uma ponte para um
quarto momento de leitura. Em meio, há tantos “e-mails”, a expansão do
“hardware”, o livro, para o computador, “ipod”, “tablets”, celular, outdoor,
busdoor, corpos tatuados, corpos que se vestem com moda, com vulgaridade,
puritanismo, elegância e displicência – quem indica, quem mede isso? Bem como o
mundo atual, antigo, e o que virá, perpassa em “diversos veículos de leitura”.
Com a Era Digital, se o “hardware” muda, o “software” também muda. E emudece
mesmo, pois com tantas falas, o “software de leitura”, deixou de ser, apenas
letras, papel e conteúdo, que acionava os “dispositivos criatividade e
imaginação” na cabeça dos leitores. E passa a uma tecnologia de ponta, que
anula em diversos momentos, a nossa autonomia. Como? É que excluímos para
a lixeira, a nossa “tecnologia interna” em prol de um “HD Externo” que parece
solucionar nossas estórias e histórias, pois encurtamos a imaginação por apelo,
nos “inúmeros corpos” para materialização do pensamento do autor através
de ilustrações, fotos, desenhos, desenhos falados, a “erotização do livro”. O
que é uma pena, pois o leitor era um co-autor, e era o primeiro ilustrador da
sua leitura, envolvido no enredo, corria se tivesse que correr, e sentia as
devidas dores do parto, quando o personagem nascia, fosse na Rússia, fosse em
Valente/BA. Se com a “internet”, encurtamos o tempo/espaço entre o emissor,
receptor e a mensagem, com a “internet” também, encurralamos, “a imagem em
ação”, e o “medo infantil” que tive de não conseguir ler livros de apenas palavras
e leitura, foi dissolvido e inverteu.
O mundo virtual e
real funciona com a miscelânea do leitor- perigo de Grammond e “os
três leitores de Santaella”, sendo o “leitor atual, o Mágico de Oz”, afirmo. Sim, o vejo como uma fulguração real do leitor-atual, é a projeção através de
uma cortina com voz imponente e cheio de poderes inimagináveis, em uma
plataforma virtual, sem contato físico, com anonimato, comodismo e conforto,
organizando manifestações, criando personagens de revista em quadrinhos, ou lendo
e publicando nas mais diversas redes sociais, sem falar em cirurgias a
distância, transferências bancárias e reuniões de negócios intercontinentais.
Neste ambiente, todos são especialistas, todos são conhecedores das dores e
amores. Mas, não conseguem dissolver seus próprios problemas.
Ainda assim, todos
são leitores. Dizia o Poeta Zeca de Magalhães, mas o poeta também sabia que
esse “leitor”, varia de leitor para leitor. Assim sendo, o exercício da
leitura, bem como o exercício de pensar sobre..., é de práxis um exercício
exaustivo e o poeta, o artista e qualquer “outra esfera pensante” estão
sujeitos.