quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Lauro   de Freitas, 12 de Janeiro de 2005

Um gato consome
                com sono
                com fome

de vidas passadas

Em sonho
Em casa

São vidas passadas

As tais mal –passadas
retornam,  engordam

O enigma

É fato distante
                  de antes do antes?
Ou coisa do agora?
De agora em diante, de um pensamento?
Um gato!
Não específico
Cor, raça, nacionalidade ou característica.
O gato nunca é o gato ou um gato
Um bicho de estima,
 sorte e proteção .
Endeusado de vida continua ou quase.
Um gato?!

Não sei.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A manhã saiu de casa quando estive um verso infinitésimal perfeito



Amanheceu imperfeito um deus humano bateu na janela da frente e a casa estava de cabeça virada eram quatro horas da manhã quando começou

domingo, 25 de agosto de 2013

Amazonense Grapiúna

Recomendação: Leia para ela, quando puder. No ventre mesmo, creio que ela vá gostar

abração


Amazonense Grapiúna

                     A Maria Gabriela

Nas veias do Solimões
Nas veias do Rio Negro

Na Amazonas prometida
uma prima

O Fruto

De trânsito pai
De vôo Mãe

Vem a criança
mais prendada de todas as Américas

A ressurreição dos velhos costumes,
mas, saudável clima.

Acreditamos
que seja a mudança em mudança,
em portos, nas fronteiras
entre o norte e a mente dos contemporâneos das águas.

Vem aos montes e montanhas
nas ilhas e baías
nas línguas e canetas

A norma e a conduta

é a medida menina
é a mulher ainda por nascer
das mais valias em nossos tempos.

Um broto de personalidade, um broto.

Na entrada,
quando estiver entre o ser e o saber,
visite este breve relato.

Estarei esperando...
Mas, traga um recado
o que se passa na fenda de Santo André
e onde anda Hermes ...

Quando atravessar a saída
pense alto, saberei quem...


E por último,
volte em silêncio ao seu estado,
quando todos observam e sorriem;
do lado de fora
verá a minha mão
verá marcas e uma linha de fontes e iguarias.

Pronto pode nascer...

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Esboço para Guiomar de Grammond, Os Três Leitores de Lúcia Santaella e Outras Possibilidades de Leitura.

 A Historiadora, escritora e diretora do Instituto de Filosofia Artes e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto, Minas Gerais, Guiomar de Grammond passeia por suas atividades e formações para referendar, de modo “ácido e doce”, a importância da leitura e suas consequências. Não era de se esperar que essa maneira de expor uma idéia viesse de uma escritora, pois o comum é ser redundante e pincelar com: - é importante, é muito bom, é essencial. Mas, o Ser Pensante, tão explicitado pela escritora Guiomar de Grammond, em formação e com informação, corre o risco de estar sempre a perigo, Torquato Neto, pois a abaixo do Sol não há nada de novo,  Sócrates por muitas bocas ao longo da história.

O exercício da escrita é antecedido pelo exercício de pensar sobre,..., e, ao ler o material da escritora e historiadora, de imediato, um filme sucedeu em minha cabeça, pois por diversas vezes essa loucura, essa “imoralidade” em “saber das coisas”, sucedeu de modo análogo e contraditório com episódios e personagens em que o enredo era constituído pela seguinte frase: - Quem lê demais fica maluco, lembra de fulano de tal que ficou doido de tanto ler? É diretamente pejorativa dos personagens e enredos essa expressão, mas vindo de Guiomar de Grammond, uma negação é um ato legitimo de afirmação.O Amor não é a medida inversão do Ódio? Pois então, desse modo, assino embaixo das palavras da escritora, e afirmo que este "recurso" o texto LER DEVIA SER PROIBIDO, é uma ferramenta de grande responsabilidade, pois é a arma/ fala de quem entende e sabe do que se trata nesse âmbito, muito diferente dos personagens relembrados por mim.
Em diálogo com Lúcia Santaella dentro do esquema – texto - leitura fora do livro-interpretação, Santaella relata sobre “três filhos gerado em seu ventre mental”, sendo respectivamente, o leitor contemplativo, meditativo, de “personalidade” - a solidez do objeto livro, visão, O leitor fragmentado, movente; de “personalidade” - movimentos, cheiros, sabores, som, e o leitor virtual, de “ personalidade” – leitor multimídia. Estes são os “leitores – a que chamo “históricos ou cronológicos”, por referendar épocas de leitores, acrescento inclusive, que o primeiro é uma espécie que foi extinta, o segundo está entrando em extinção, e o terceiro é uma ponte para um quarto momento de leitura. Em meio, há tantos “e-mails”, a expansão do “hardware”, o livro, para o computador, “ipod”, “tablets”, celular, outdoor, busdoor, corpos tatuados, corpos que se vestem com moda, com vulgaridade, puritanismo, elegância e displicência – quem indica, quem mede isso? Bem como o mundo atual, antigo, e o que virá, perpassa em “diversos veículos de leitura”. Com a Era Digital, se o “hardware” muda, o “software” também muda. E emudece mesmo, pois com tantas falas, o “software de leitura”, deixou de ser, apenas letras, papel e conteúdo, que acionava os “dispositivos criatividade e imaginação” na cabeça dos leitores. E passa a uma tecnologia de ponta, que anula em diversos momentos, a nossa autonomia. Como? É que excluímos  para a lixeira, a nossa “tecnologia interna” em prol de um “HD Externo” que parece solucionar nossas estórias e histórias, pois encurtamos a imaginação por apelo,  nos “inúmeros corpos” para materialização do pensamento do autor através de ilustrações, fotos, desenhos, desenhos falados, a “erotização do livro”. O que é uma pena, pois o leitor era um co-autor, e era o primeiro ilustrador da sua leitura, envolvido no enredo, corria se tivesse que correr, e sentia as devidas dores do parto, quando o personagem nascia, fosse na Rússia, fosse em Valente/BA. Se com a “internet”, encurtamos o tempo/espaço entre o emissor, receptor e a mensagem, com a “internet” também, encurralamos, “a imagem em ação”, e o “medo infantil” que tive de não conseguir ler livros de apenas palavras e leitura, foi dissolvido e inverteu.
O mundo virtual e real funciona com a miscelânea do leitor- perigo de Grammond e “os três leitores de Santaella”, sendo o “leitor atual, o Mágico de Oz”, afirmo. Sim, o vejo como uma fulguração real do leitor-atual, é a projeção através de uma cortina com voz imponente e cheio de poderes inimagináveis, em uma plataforma virtual, sem contato físico, com anonimato, comodismo e conforto, organizando manifestações, criando personagens de revista em quadrinhos, ou lendo e publicando nas mais diversas redes sociais, sem falar em cirurgias a distância, transferências bancárias e reuniões de negócios intercontinentais. Neste ambiente, todos são especialistas, todos são conhecedores das dores e amores. Mas, não conseguem dissolver seus próprios problemas.  
Ainda assim, todos são leitores. Dizia o Poeta Zeca de Magalhães, mas o poeta também sabia que esse “leitor”, varia de leitor para leitor. Assim sendo, o exercício da leitura, bem como o exercício de pensar sobre..., é de práxis um exercício exaustivo e o poeta, o artista e qualquer “outra esfera pensante” estão sujeitos.
Ps: Vale a pena tirar as suas próprias conclusões. Texto de Lucia Santaella - Leitura Fora do Livro. http://www.pucsp.br/~cos/epe/mostra/santaell.htm e Texto de Guiomar de Grammond - Ler Devia Ser Proibido http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=208626&id_secao=10.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O verbum

                              O verbum

O verbum veio da fonte
De cores semeio, o verbum
Em tantos cantos, o verbum
Da fonte, cores e cantos

E deram de sentimento
Razão lhe deram aos poucos
E foram verbos e verbo
E verbum a nunca mais

E o verbum diziam verbo
E outros diziam “verb”
E outros já não diziam.

Mas, verbum continuou verbum
De nada vale ao verbum,
o verbum é verbum e verbum
e jamais um mal dizer
medida de se querer

Então, imposto o vestido
O verbum estava vestido
Das flores dos desalmados.

Porém seguia amarrado
Ao verbo de semeiar, ao caule,
Tronco e raiz, as folhas, frutos e chá.

O sumo do verbum
terra de qualquer terra ou pedra e planta

o verbum
segue além Tejo
           além Nilo
           Maranhão    

Nos confins do alfinim é o verbum,


                Ontem e hoje.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

... texto sem título, texto com memória ...

… em oferenda no preceito,
 a receita é sempre preservar o orixá, o ancestral, a natureza

… tambor sabe a entoação,
então  chora para improvisar
o filho já começou a gritaria da tríade
cada um encanta a fascinação,(ponto e vírgula)

… e quando Ogum chega,
expande e espanta …

batuque e conexão para preservar
é a oralidade das mãos no axé.

bate palma povo, axé.

dos muitos carnavais que virão, que viram
sua  carne ainda faz parte
desmaterializa

e rompe as cordas desiguais
onde deste ponto entre o azul e o mar,
pouca diferença faz

a festa, fé e fel

deste ângulo passa o mesmo sabor
                            é uma fé de poucos
                           uma festa de poucos
                            e fel para todos
desbanca,
a noite bate palma axé
para os pretos e pretas de outras terra em nós,
mas faz com fé, festa e os tambores da casa de santos.

o ancestral no meio da mata
a mata dentro do povo
e  o povo em qualquer instância

Ressuscita,
eu te asseguro a água,

                   a fome
                   a miséria
                   e a sede
Desvanece,


eu te asseguro a água … 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Ur gente, Urgente Ur Salve Salve




Ur gente
salve em língua materna

o povo dessa terra, o povo resistente
o povo batismo de sangue,
o povo vestido de gente acidental

Ur gente
salve em lasca de papel

o povo pinta soldado, o povo pinta comissário
o povo fechado, o povo câmera fotográfica

Ur gente
salve salve cada óculos escuros
cada arma que a noite descansa
em seu quarto ao lado de panelas acadêmicas,
na cama com cadernos, lápis de cera
e fardas verdes dessa natureza humana
que sela o mandato negativo
ao nosso Nada..

Ur gente
salve urgente,

o tempo de cada um está fora da validade,
...

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Depois do I Ching, A Canoa.



Que lembranças você tem de seu pai? Que memórias você vai deixar para seu filho? (release, A Canoa).

Quando li o release, percebi que seria uma boa oportunidade de me resolver com meu pai e rever algumas coisas inacabadas. Mas, eu não sabia que entraria filho e sairia mais pai do que nunca.

Entrei. O cenário eram malas, sacos com água e cadeiras ao redor.
Não. As malas eram histórias, eram passados e presentes de amigos, familiares, histórias caladas, modificadas e adaptadas à canoa.

Entrei. Sentado, vi um senhor alto entrar. Veio cambaleando quase caiu ao sentar, e passou toda a peça dormindo. Ah! Deu uma saudade de meu avô, o pai de meu pai!

A peça começou. O silêncio, o filho, movimentos.

O filho estava lá, rompeu o silêncio.
Eram movimentos e movimentos precisos, e olhos e feição precisos. E voz de homem, era o filho, mas era filho-homem esperando um pai bruto, mas um pai, um de ida, de tantas idas e vindas, mas um pai. Na imensidão perdido, e tão aguardado.

Entre histórias, a esperança, o pai de sempre, mais ainda assim pai, ainda assim amor, ainda assim, tanto em cada filho paciente, fantasioso, decepcionado;
 Este pai – herói e em tantas curvas e retas vilão.

O filho sempre diálogo com o silêncio, como se fosse um diálogo, e por muitas vezes diálogos. Conversa de silêncio, e uma palavra d’água, conversa de silêncio, e uma palavra de passarinho, conversa de silêncio, e uma palavra de cuscuz, café, os afazeres da casa;

A casa crescia nas histórias, as estradas longas e chuvosas, o caminhão, a deslizar no barro molhado e aventureiro da imaginação. Era a estrada dentro da criança, crescendo. Era um garoto num bordel entre tantas moças.

As surras, as palavras de pedras brutas, a partida. As conversas de sempre e o pai não vinha, a terceira margem do rio, o garoto ainda garoto, mas já um homem esperava esse homem, retornar. O homem estava lá, mas não retornaria o homem. O homem estava lá, cresceu na criança, cresceu no garoto, o homem estava lá.

O silêncio.  O rapaz rompeu dessa vez numa voracidade. A chaleira num palavreado esfumaçado. O rapaz esbravejava de lado a outro e a chaleira aos berros, tensa. O rapaz de um lado a outro, tensão nos olhares. A chaleira ainda mais intensa, nervosa, gritante. O cuscuz no fogo, o senhor dormia o tempo todo.

Apagou o fogo no tempo da conversa. A chaleira silêncio. Olhares de calmaria. As malas, os sacos de chuva, torneira, chuveiro, as cordas de comida de passarinho, o cheiro, saudades de casa, mesa posta,

O silêncio preciso.

Aplausos.



Obs: o texto acima foi baseado na peça A CANOA, direção: Jacyan Castilho, encenação: Cláudio Machado, direção musical: Jarbas Bittencourt. Salvador –Bahia – Teatro Vila Velha – 2009.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Poema a Maiakovsky, a Marina


Ao Maiakovski um dia
Marina conversou.

No entanto, e tantos anos
Maiakovski era sério e luto
Marina era uma onda leve boba no alvo

Na parede, não se ouvia Maiakovski
Apesar de lá Marighela ( á brasileira)
Soa um panfleto
Não sonora a qualquer

Marina direta, o sonho
Ó qual, tão quão é essa menina Marina

Mas menos Maiakovski
Um homem bruto de capa preta e andar na noite, nunca o vi, ouvi falar. Era perverso e inominável. Eu nunca ouvi, ouvi falar.

Marina
Das muitas infantis
Eram estórias, contos de fadas porradinha.

Maiakovski um verso de pólvora e averso,
Primeiro ato

Marina chorou ao saber sobre um cão chinês qualquer que morria em qualquer dia do mês
Subsequente servido em restaurante em Londres

Marina quis muito ir a Londres,
Conhecer o “ chiquequer”, aos restaurantes.

Maiakovski no quinto ato por prudência desprovinha dinamite em suas conversas, mas ainda leve, uma pluma, era suspeito.

Marina, a moça Marina
Um doce essa alma revoluta (mas, ninguém viu).
Maiakovski era suave sereno( e ninguém quis vê)

Marina eu conheci outro dia na avenida sete
Maiakovski não era Maiakovski
E nunca mais uma palavra, somente canções.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Quem é Elena? Ainda não sei!!!!


Quem é Elena? Ainda não sei!!!!

Reinventar a cidade.
Desculpe não ter visto o filme, mas na minha cidade que é região metropolitana de uma grande cidade e por tudo converger para o centro ainda não se passa ou se fala sobre Elena. Fico sabendo pela rede,pelo outro, pela possibilidade e esperança de assistir ou não.

Vi o trailer, e vi os artistas em movimento convocando para saber de quem se trata. E revi o trailer, e chorei por imaginar reinventar a cidade, rever e não ver a cidade e as pessoas e a pessoa. E ainda esperar, ESPERANÇA em ver a pessoa novamente. Por vezes ando em ruas e cidade do centro da grande cidade e encontro de longe, amigos que viajaram para muito longe para não voltar por enquanto. E sigo na rua e outro dia o mesmo amigo na rua.

Reinvento a cidade, no centro outras cidades; periferia, as bordas da orla, as vias e ferrovias do suburbio, o comércio imerso em prontidão e jeitos de toda esta(cidade).

Com o ônibus a cidade passa, as pessoas passam, vezes passa o mar, outras muitas a arquitetura desregrada e desmedida das casas de reboco e os grandes condominios que devastam as matas e matam os bichos, e a energia do mato.

Eu não sei ao certo, por que ao rever o trailer. Eu chorei por Elena, ou em Elena. Talvez, por irmandade, uma cumplicidade de não conhecer quem é Elena, mas saber de quem se trata em Alma. Por conta do trailer, a voz pausada,mansa; trailer, as imagens; trailer a música, e verdade em querer sentir na pele Quem é Elena, “a sua presença entrar pelos sete buracos da minha cabeça(lembrei de Bethânia)”

Espero em breve saber de quem se trata.

Cícero Mayor