sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

frases da cabeça no tempo - série zero a direita # 3 - dEUS,

                                                                                                           A Claúdia Marinho
eu sou deus da minha humanidade dotado de uma insanidade pura para ser em qualquer espaço-tempo, o que bem entendo. Um Abraço.

Da Série - Meu Nome é Pedro.

Salvador, 23 de Setembro de 2001.

Meu nome é Pedro tenho 12 anos, e escrevo.

Escrevo porque passo muito tempo dentro do meu mundo, das minhas coisas, da minha cabeça, do que acho certo. E como tenho poucos amigos, talvez se eu não escrever. Não vou estar legal, pois penso sempre, sempre mesmo muita coisa. E sinto vontade de compartilhar o que acho.  Eu desde pequeno, 7 anos mais ou menos. Sempre fui uma criança estranha, pois ficava perguntando aos meus pais. Por que garfo é garfo e faca era faca?  A  dúvida permanece, e outras mais.

 Hoje estudo a sexta série, e minha dúvida maior é para que estudo tanto? Meu professor de Ciências, disse que é para ser alguém melhor, mas sou uma boa pessoa,  mesmo que  muitas vezes, as pessoas não me respeitem.  Só não entendo por que estudo tanto? Outro dia perguntei ao meu irmão mais velho por que estudo tanto e ele não soube me responder. Disse que era bom. Que era legal e só. Fui perguntar a minha avó que estudou até a quarta série e estava fazendo aceleração nos estudos. Minha avó teve que trabalhar para criar os irmãos, então parou de estudar aos 11 anos. 60 anos depois voltou a estudar. Minha avó, mesmo assim era muito inteligente, mas se perdia ainda nas contas. E sempre que ia a rua precisava de uma outra pessoa para pegar ônibus. Por conta da miopia e por não saber diferenciar um letreiro de ônibus do outro.

 Minha avó me falou que ler era essencial para saber lidar com esse nosso mundo. Que estudar, era tudo que sempre quis, mas nunca foi possível para ela por conta do trabalho, da família. Ainda assim, eu não entendia para que tantos nomes complicados na ciência, ou história e histórias distantes de nosso tempo, ou números na matemática que não usava normalmente.

 Como nunca estava satisfeito. Fui saber de meu pai, que era músico. Por que tinha que estudar tanto? Meu pai me falou que diferente da vida da minha avó, a vida dele foi um pouco mais fácil. Mas, ainda assim difícil. Fiquei sem entender e ele explicou. Desde pequeno trabalhou, pois seu pai tinha uma pequena mercearia e  precisava ajudar o pai no sustento da família. Durante um bom tempo, meu pai estudou e trabalhou. Inclusive durante a faculdade. E sofreu muito com o preconceito por ser músico e a  construção - imagem do fracasso social( música não dá dinheiro, só por diversão música, entre outros limites). Por conta das dificuldades que a sua família passava que se empenhou mais ainda para obter bons resultados na escola e faculdade. Tocava muito, estudava muito, pois é realmente o que dizem para ser músico, não precisa muita coisa. No entanto, para ser um bom músico, um excelente músico. É necessário exaustivo e solitários dias de estudos. O estudo lhe deu a oportunidade de realizar diversos sonhos, como viajar, conforto para os filhos, boas escolas, e quando o pai dele estava velhinho e doente. Ele conseguiu pagar todas as despesas, como medicamento, hospital, alimentação entre outras coisas.

 Eu consegui entender mais, o por que de se estudar tanto, mas mesmo assim, por que tinha que estudar tantas coisas chatas? Meu pai me falou, que existem maneiras divertidas de se aprender a respeito de qualquer assunto. Bastava que eu quisesse e o assunto se tornaria interessante.  Então, passei a estudar mais, ler mais, escrever mais. E comecei a me interessar mais, por que pesquisava e comparava o que aprendia com o meu dia a dia, fosse na rua, escola, ou mesmo em casa. Conseguia aprender, entendendo como funcionava na minha vida. Não quis que o estudo fosse algo fora da minha vida e sim a minha vida. Independente do que seria meu futuro. Meu pai me falou, ainda que eu precisava ter paciência que tudo no seu tempo acontece. E que eu vivesse cada momento, por que nunca mais voltaria ao mesmo lugar. Na hora do estudo, estudasse; na hora da brincadeira, brincasse; E nunca, nunca desperdiçasse essa oportunidade.

 Pedro, 12 anos – 2001.

 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O Santo dá Mistério dá Dúvida.

                                                                          a Anita Schonccian

Para qualquer santo, costumo aumentar o mistério. Se santo é preposição, se santo é pornográfico, se o santo é escrito ou uma televisão, se é dominante ou progressista. É ferramenta. É um aliado. A dúvida é uma arma das melhores.  Acima do santo, o mistério. O dito pelo subentendido, bem cotidiano. Acredito, mas tenho dúvidas. Bem século 19. Contemporâneo é a dúvida. E-mail a tanto nada. E-mail a tudo, nada. E cada vórtice tem uma verdade. Um ideograma de Os Lusíadas é a âncora.
 
Amém?
 
 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

frases da cabeça no tempo - série zero a direita # 2


Obs: . Precisamos praticar o conhecimento, pois temos uma coleção de teorias perfeitas em diversas línguas e linguagens com mofo e poeira nas gavetas.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Uma Tese para uma Carta de Amor


 A capa do jornal de hoje dizia:

“ A ciência está em polvorosa, descoberto manuscrito com uma frase surpreendente de mulher de 80 anos.

Uma agenda com relatos de experiências, confissões, fotos, canções, recortes de jornais e uma frase em destaque chama a atenção dos cientistas.  Nessa manhã de quinta-feira os estudiosos ficaram surpresos com a leitura da agenda e notaram que era uma carta comum de amor.  Mas, ainda não conseguiam explicar por que, todas, ás vezes em que liam a devida carta era uma comoção em todo o laboratório. Em especial essa manifestação se dava quando a leitura da referida frase ocorria, frase está que por enquanto não pode ser mencionada por uma questão de segurança, e certificação da sua veracidade. Há duas semanas, inúmeros exames de qualificação, teste de peso, teste de medição, teste para verificar a idade do papel, teste para averiguar o tipo de tinta e a caneta utilizada na feitura da cartinha de amor da senhora de 80 anos.

Cientistas como neurolínguistas, bioquímicos, psicólogos, especialistas em literatura, bem com um sujeito que era pós da pós da pós em carta de amor ao longo da história.  Entre outros profissionais foram chamados para análise do objeto e conteúdo. E nenhuma definição especifica sobre a ocorrência do choro coletivo.

 O cientista K.R.J. da Universidade norte – americana, explica que há uma preocupação e expectativa da comunidade cientifica, pois já esta sendo feito há cinco anos diversas tentativas e as experiências não avançam. Os financiamentos por sua vez estão acabando e há o receio com os devidos empregos e nomes no meio científico. O cientista ainda revela que na próxima segunda – feira será realizado, o último experimento.

Segunda – Feira, Laboratório.

 Foi convocado um sujeito desconhecido que se submeteu apenas a ler a carta sem saber a razão real da leitura. Em uma câmara acústica com microfones e câmeras. O sujeito leu a primeira frase da carta.  – Eu Te Amo!!!  A interpretação do texto foi tamanha que era inegável que este havia escrito a carta. O laboratório girou. Os cientistas atordoados. O sujeito intacto. Os cientistas ao sujeito. - O senhor escreveu essa carta? E o sujeito: – De modo algum. Aos cientistas dúvidas. - Como ?  Por que ? O sujeito falava com tanta propriedade de um assunto e texto que não lhe era próprio. E o sujeito: - Sensível ao mundo, posso dizer que cada linha descrita é um momento importante a dois, a saudade de um tempo e pessoa no retrovisor da história. As noites, semanas e semanas, as brigas, as reconciliações, as frustrações e as vitórias por tanta brevidade, ainda que intrínseca, é visível, estão nas entrelinhas. As borboletas cheirosas do olhar da senhora em seu companheiro.  Incomum, mas normal ao aprendiz.


Um silêncio majestoso no ambiente, e nos dias seguintes os cientistas continuaram chorando, mas com ciência de tanta alegria e dor em seus corações.