sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Esboço para Guiomar de Grammond, Os Três Leitores de Lúcia Santaella e Outras Possibilidades de Leitura.

 A Historiadora, escritora e diretora do Instituto de Filosofia Artes e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto, Minas Gerais, Guiomar de Grammond passeia por suas atividades e formações para referendar, de modo “ácido e doce”, a importância da leitura e suas consequências. Não era de se esperar que essa maneira de expor uma idéia viesse de uma escritora, pois o comum é ser redundante e pincelar com: - é importante, é muito bom, é essencial. Mas, o Ser Pensante, tão explicitado pela escritora Guiomar de Grammond, em formação e com informação, corre o risco de estar sempre a perigo, Torquato Neto, pois a abaixo do Sol não há nada de novo,  Sócrates por muitas bocas ao longo da história.

O exercício da escrita é antecedido pelo exercício de pensar sobre,..., e, ao ler o material da escritora e historiadora, de imediato, um filme sucedeu em minha cabeça, pois por diversas vezes essa loucura, essa “imoralidade” em “saber das coisas”, sucedeu de modo análogo e contraditório com episódios e personagens em que o enredo era constituído pela seguinte frase: - Quem lê demais fica maluco, lembra de fulano de tal que ficou doido de tanto ler? É diretamente pejorativa dos personagens e enredos essa expressão, mas vindo de Guiomar de Grammond, uma negação é um ato legitimo de afirmação.O Amor não é a medida inversão do Ódio? Pois então, desse modo, assino embaixo das palavras da escritora, e afirmo que este "recurso" o texto LER DEVIA SER PROIBIDO, é uma ferramenta de grande responsabilidade, pois é a arma/ fala de quem entende e sabe do que se trata nesse âmbito, muito diferente dos personagens relembrados por mim.
Em diálogo com Lúcia Santaella dentro do esquema – texto - leitura fora do livro-interpretação, Santaella relata sobre “três filhos gerado em seu ventre mental”, sendo respectivamente, o leitor contemplativo, meditativo, de “personalidade” - a solidez do objeto livro, visão, O leitor fragmentado, movente; de “personalidade” - movimentos, cheiros, sabores, som, e o leitor virtual, de “ personalidade” – leitor multimídia. Estes são os “leitores – a que chamo “históricos ou cronológicos”, por referendar épocas de leitores, acrescento inclusive, que o primeiro é uma espécie que foi extinta, o segundo está entrando em extinção, e o terceiro é uma ponte para um quarto momento de leitura. Em meio, há tantos “e-mails”, a expansão do “hardware”, o livro, para o computador, “ipod”, “tablets”, celular, outdoor, busdoor, corpos tatuados, corpos que se vestem com moda, com vulgaridade, puritanismo, elegância e displicência – quem indica, quem mede isso? Bem como o mundo atual, antigo, e o que virá, perpassa em “diversos veículos de leitura”. Com a Era Digital, se o “hardware” muda, o “software” também muda. E emudece mesmo, pois com tantas falas, o “software de leitura”, deixou de ser, apenas letras, papel e conteúdo, que acionava os “dispositivos criatividade e imaginação” na cabeça dos leitores. E passa a uma tecnologia de ponta, que anula em diversos momentos, a nossa autonomia. Como? É que excluímos  para a lixeira, a nossa “tecnologia interna” em prol de um “HD Externo” que parece solucionar nossas estórias e histórias, pois encurtamos a imaginação por apelo,  nos “inúmeros corpos” para materialização do pensamento do autor através de ilustrações, fotos, desenhos, desenhos falados, a “erotização do livro”. O que é uma pena, pois o leitor era um co-autor, e era o primeiro ilustrador da sua leitura, envolvido no enredo, corria se tivesse que correr, e sentia as devidas dores do parto, quando o personagem nascia, fosse na Rússia, fosse em Valente/BA. Se com a “internet”, encurtamos o tempo/espaço entre o emissor, receptor e a mensagem, com a “internet” também, encurralamos, “a imagem em ação”, e o “medo infantil” que tive de não conseguir ler livros de apenas palavras e leitura, foi dissolvido e inverteu.
O mundo virtual e real funciona com a miscelânea do leitor- perigo de Grammond e “os três leitores de Santaella”, sendo o “leitor atual, o Mágico de Oz”, afirmo. Sim, o vejo como uma fulguração real do leitor-atual, é a projeção através de uma cortina com voz imponente e cheio de poderes inimagináveis, em uma plataforma virtual, sem contato físico, com anonimato, comodismo e conforto, organizando manifestações, criando personagens de revista em quadrinhos, ou lendo e publicando nas mais diversas redes sociais, sem falar em cirurgias a distância, transferências bancárias e reuniões de negócios intercontinentais. Neste ambiente, todos são especialistas, todos são conhecedores das dores e amores. Mas, não conseguem dissolver seus próprios problemas.  
Ainda assim, todos são leitores. Dizia o Poeta Zeca de Magalhães, mas o poeta também sabia que esse “leitor”, varia de leitor para leitor. Assim sendo, o exercício da leitura, bem como o exercício de pensar sobre..., é de práxis um exercício exaustivo e o poeta, o artista e qualquer “outra esfera pensante” estão sujeitos.
Ps: Vale a pena tirar as suas próprias conclusões. Texto de Lucia Santaella - Leitura Fora do Livro. http://www.pucsp.br/~cos/epe/mostra/santaell.htm e Texto de Guiomar de Grammond - Ler Devia Ser Proibido http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=208626&id_secao=10.

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