segunda-feira, 24 de março de 2014

11-19.


Sou do tempo em que as músicas eram de duplo sentido. Do tempo em que ia a folia só para  dançar, por que era muito tímido para entrar em uma conversa com uma garota. Havia medo ao imaginar qualquer iniciativa. Mas? Ia. Cada dia terminava ás 6 da manhã, pois é quando passava o primeiro ônibus para ir para casa. Fosse em que lugar fosse. E íamos.  Dormia no ônibus. Não dormia.  Levava pedrada no teto. Na janela. Estilhaço. Moça. Costas. Sangue. Recolher. Pedaços. Presenciava assalto. Andava da Ondina-Barra e voltava brincando Barra – Ondina. O tempo em que me divertia tanto. Uma sensação de implosão rumo à superfície. Canto. Grito. Sonho? Sonho era ir todos os dias do carnaval ao carnaval, incluso a quarta – feiras de cinzas ainda em brasa. Neste mesmo tempo, idealizava um mês de carnaval, pois só quem já foi ao carnaval sabe que uma semana é pouco para acompanhar todos os blocos, trios independentes, microtrio, camarotes, cantar todas as músicas deste e de outros carnavais.

... um carnaval qualquer...

Uma vez no carnaval. Fui para a rua com dor de cabeça. Muita gente. Som altíssimo. Final do percurso para o Chiclete com Banana. Inicio do dia às 18 horas. Quando o trio elétrico tocou nos ouvidos. A dor de cabeça sumiu. Era noite de carnaval. Uma terça – feira e já era quarta- feira.  A polícia mandava parar qualquer som e resmungava. Vendíamos cerveja por R$ 0,50. Havia um freezer cheio delas. Todas em estado sólido. Éramos emoção. O carnaval havia terminado. E mais parecia quinta – feira na abertura. Eu já doía de amor e nem doía tanto, pois já era tempo para desacelerar a amargura. Estava há duas horas de minha cama. E quando chegasse em casa com certeza. Haveria trabalho. Um filho da classe média raspando – grana, conversava com um sujeito (ladrão). E informava a esse que o certo era roubar dos ricos e não de um qualquer. Todos os becos estavam infestados. E os residentes Barra – Ondina, respiravam aliviados o odor do carnaval. O trânsito trafegava pedestre. O mar refugavam. Era tanta a euforia que até hoje quando a onda recolhe sua garra cravada na areia, leva uma lágrima de cada folia naquela avenida.

... um carnaval qualquer ...

 Crianças eram cinco. Cada uma com um adulto. Entre tios(as) e mãe. A praça da Piedade. Igreja da Piedade. Portal da Piedade – Cemitério. Igreja de São Pedro. Delegacia da Policia Civil. Shopping Piedade. E sabíamos de nada?! Eram (11, 10, 9, 6, e 5) e outros cincos adultos. Carnaval. Uma praça tomada. E numa tarde de domingo. Vimos todas as atrações do carnaval. E  noite por um longo período a dose seguinte aumentava.

... um carnaval qualquer...

Não conhecia aquela velha senhora. Cidade tomada e autômata de gente. Estrangeiro. E mulheres. E homens. E crianças e famílias inteiras trabalhavam. E quando havia uma confusão? Uma grandiosa? Uma grande cerca de homens e mulheres enlouquecidos de festa. Para onde correr? Para trás, sempre. E para trás sempre varia. E os nossos onde estariam? Onde estar é sempre perto. Na frente e atrás. Ao lado. Ao redor sempre. Polícia e uma grande clareira. E sempre íamos brincar. É Carnaval !!! Homens beijavam outros homenzarrões. E mulheres eram “beijadas” por todos (11, 12, 15). As mãos no Carnaval são como sujeitos. Ou objetos vivos. No rosto. No bolso. Na bunda. Presas. Ou dadas. A mão toca. E é tocante.

Artistas, íamos ver artistas! Artistas no trio. No chão. Andando só. Com segurança. Era bloco sem corda. E víamos artistas sem maquiagem suando horrores no calor humano da Bahia, vermelhos e brancos. Eram artistas. Dizei com que andas e te direis quem és. Por certo éramos foliões. Mas, ao lado de artista. Hoje, uma foto na rede.

Em quaresma, não entendo agora. Como ia ao carnaval. Era por todos os lados figuras e figurões estranhas (os) e desconhecidas(os). Estávamos sempre com os nossos da nossa cidade. Os que mal víamos o ano todo ou até víamos durante todo o ano. Era no Carnaval que víamos, gente. Gente minha gente. Gennnnnnnnnnnnnteeeeeeeeeeeeeee !!! Cada um com um objetivo. Eu ia brincar. E só, o resto era lucro. Vez ou outra era prejuízo. Mas, é Carnaval. Ou já era Carnaval. No momento, vivo em pontes. Ou cavernas.

Axé !!!!

quarta-feira, 19 de março de 2014

frases da cabeça no tempo - série zero a direita # 4

estou ali ó! entre triste e insatisfeito, Feliz por jogar uma lixeira inteira fora.

Para Desejar Uma Boa Viagem ( a Sangue Quente) ou Um Poema Vermelho Condensado Instantâneo.





Onde o coração, sujeita uma intenção e a visão amplia diante do individuo.
Ao que Narciso vê, sou fundo.
Ao que Little Richard vê, sou fundo.
Uma faca enrolada em papel de presente, sou corte, sou fundo.
a Claúdio Marinho
 
 Italo João das Botas,  olhos marinhos de Rio Vermelho a nada maternal e imaterial Cláudia Marinho,  não por falta de obra, outras convenções.  Onde o coração, sujeita uma intenção e a visão amplia diante do individuo.  A Italo, uma garrafa com a mensagem, no dia de preferência  retorno quando ainda inverno,  verão nesse oceano chamado expectativa - retrato.  A filial ainda processo, o desassossego de uma manjedoura, estou para o-universo-assim-como-o-barco está para o século XV. E finalmente tão expectativa-retina e retinta, velha senhora. Parto deste o primeiro dia, parto no segundo partida retorno partilha retorno, ainda em Italo, espero. Somente. Espero.  Ao que Narciso vê, sou fundo.Ao que Little Richard vê, sou fundo.
 
 Uma faca enrolada em papel de presente, sou corte, sou fundo.